quinta-feira, 22 de julho de 2010

Poetrix

Traição

Meu roseiral coberto
de flores multicores
com espinhos escondidos.


Ditadura camuflada

Proíbe no talvez
censura no sorriso
democráticamente impondo.


Criança africana

Olhar entristecido
gritando fome
na imposição da guerra.

Partilha

Meu ódio é teu
tua arma
ataca-me!


Pecado da gula

Comi a Hóstia
antes da Consagração...
Fiquei sem Cristo!


Felicidade plena

Ser apenas feto...
vivendo
uterinamente

A Seara

Na manhã campesina
desliza o tractor...
Amanhã nasce o pão!

Criança

Teu olhar inocente
pede amor...
Fico indiferente!

Clímax

Descoberta
de Estrelas...
Na tempestade.

Utopia

Se quizeres
será realidade.
Algum dia!

Desencontro

Pensei verde esperança
pensaste vermelho paixão...
Sobrou só escuridão!!!

Referendum

Pilatos
lavando as mãos
no sangue dos inocentes...

sexta-feira, 9 de julho de 2010

poetrix

Terceira idade

Finalmente
a fuga de capacidade...
Maratona do imaginário.

Aparência

Vi-te maná...
Apenas eras
mosca na sopa!
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Os restos de minha vida
estão nas migalhas
que cobrem a mesa...
Sobras do duro pão
que fui remoendo
em cada minuto
da longa existência.
Migalhas!
Algumas tão claras
que se confundem
no tom creme da mesa
outras escurecidas
pelo calor da velha torradeira
estão misturadas
no bolor esverdeado
de cada desilusão.
Engano o tempo no esgar
que tenta parecer sorriso.
O fogão está vazio
como o meu sentir...
Continuo a mastigar
o pão que já estava esquecido
no saco do faz de conta...
Nem a torradeira
o conseguiu amaciar!
Lá fora ouço o chilrear
de meu filho e de meu neto...
Passaram sem me ver!
Vou ficando invisivel
no avançar do futuro.
Entrei no tempo do nada
o outro tempo morreu
sem me deixar herança.
Já nem Morfeu me visita
nem a saudade me acompanha...
Os dois seguiram viagem
felizes por se libertarem de mim.
No arrastar das lamentações
fui perdendo o meu espaço...
Vou alimentando o ressurgir
de cada aurora
com o sopro angustiado
da libertação
do sentimento.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Quadras

De meu trabalho e meus braços
vem o pão que vou comer...
A seara que hoje é tua
nunca me irá pertencer.

Saem ais de meus cansaços
que ninguém vai entender...
É no suor que flutua
o que me ajuda a viver.

Dos sonhos que outros sonharam
acordei antes de os ter...
Nem mesmo a dormir na rua
alguém me irá vencer!
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Na tua porta fui bater
e no teu ombro chorar...
Deixaste-me a falar sòzinha
sem ninguém p'ra me escutar!

Com a tua indiferença
acabei por aprender,
uma velha,uma criança,
nunca irás compreender...

Criança tu foste um dia,
a velhice vais alcançar...
Se estiveres sem companhia
desabafa com o luar!

Pode ser que alguma Estrela
te queira acalentar...
guarde um pouco do seu tempo
e te possa aliviar!
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quinta-feira, 1 de julho de 2010

quarta-feira, 30 de junho de 2010

E depois do adeus

O pintor pintou o quadro
eu o cantei
ao toque do coração
de uma saudade...
Nele ficou a Pátria que sonhei
e a cor da ilusão
de liberdade.
O artista desenhou
o campo em flor
o Sol da Primavera
do passado...
Eu canto a paz sem forma e sem cor
do conflito agora começado.
E a tela inacabada
é destruída
dela restou apenas a lembrança
da cor que o pintor deu
a cada vida...
da forma com que nasceu
a esperança.
E foram cravos vermelhos
desfolhados
e foi a liberdade esfarrapada!
Sonhamos todos nós,
mas acordados...
Ai triste Revolução
tão desejada!
E olho o destroçar
da bela tela
onde se desenhou a nossa esperança
tentando ainda guardar
um resto dela
dentro do meu olhar...
E quero ver o pintor
recomeçar
uma tela da cor dos ideais
para poder um dia ainda cantar:
-Ai bela Liberdade
não morras nunca mais!

quinta-feira, 24 de junho de 2010

IMATERIALISMO

Que sou na vida?
Na vida sou Poeta!
Escrevo no vento
pois sou analfabeta
não consigo ler
o livro do destino...
Sou caminhante
no escarpado monte
sou toda a lama
à volta desta fonte
onde banhei
meu coração peregrino.
Na vida
sou o ocaso da viagem
deste deserto
sou apenas miragem
no inverter
do tempo que esgotou...
Não me recordes
o nome que ganhei
nem o passar
das gentes que deixei
desta vida
nada me restou.
O corpo flácido
pelos anos flagelado
no pó da terra
jazendo sepultado...
nem a velha lápide
ao Mundo dirá o que sou!
Pois sou Poeta
tudo o que escrever
vai com o vento
ninguém consegue ler...
Sendo Poeta
o que na vida sou?

Poetrix

Poetrix II

O doce mel
saboreado
num pequeno espaço.


No correr das horas

A vida roubou-me o tempo!
Não conseguiu roubar-me
a esperança de viver.